Foto: Cesar Greco / Palmeiras
Bom de Bola, com William Tales SilvaColunistas

O domínio brasileiro na América do Sul

Na noite desta quinta-feira foi concluída a “primeira perna” das oitavas de final da Libertadores e da Copa Sul-Americana, que serviu para destacar, mais uma vez, o domínio do Brasil no continente. No início da temporada sul-americana, 15 equipes brasileiras estavam divididas entre os dois principais torneios da Conmebol. Ao fim da fase de grupos, quatro delas deram adeus às disputas – Bragantino e América caíram na Libertadores e, na Sul-Americana, Cuiabá e Fluminense foram eliminados.

Com 11 representantes nas oitavas de final, o Brasil teve 57% de aproveitamento nesses jogos de ida. Foram cinco vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Para efeito de comparação, essas mesmas duas derrotas foram registradas pelos brasileiros nos jogos de ida das oitavas dos dois torneios há dez anos, quando apenas sete equipes do país estavam no mata-mata.

Os cinco brasileiros que venceram nesse primeiro jogo das oitavas de final (Athletico-PR, Palmeiras, Flamengo, São Paulo e Ceará) já parecem ter encaminhado a classificação. Dentre os cinco, apenas o Furacão jogou dentro de casa e, justamente por isso, é o que menos dedos colocou na vaga até agora. 

Entre os quatro que empataram, podemos ressaltar a situação tranquila de Atlético Mineiro e Santos, que farão o jogo da volta em casa, contra adversários mais frágeis tecnicamente. Prováveis classificados. Já Corinthians e Fortaleza tem o que temer. O alvinegro precisa vencer o Boca Juniors em La Bombonera, onde apenas empatou na fase de grupos, enquanto o Leão do Pici tem que buscar o resultado na Argentina contra o Estudiantes.

As duas únicas derrotas vieram na Copa Sul-Americana, em jogos disputados fora de casa. O Atlético Goianiense perdeu por 2 a 0 para o Olimpia, no Paraguai, e tem uma tarefa árdua para o jogo da volta no Antônio Accioly. Cotado como favorito ao título, o Internacional foi o segundo derrotado, também por 2 a 0, contra o Colo Colo, no Chile. Um placar reversível no Beira Rio.

Dentre os onze brasileiros, apenas Fortaleza e Atlético Goianiense me passam insegurança o suficiente para apostar em uma eliminação. Corinthians e Internacional são plenamente capazes de reverter as situações complicadas em que se meteram, enquanto todos outros sete brasileiros entram como favoritos nos jogos de volta das oitavas de final.

Ou seja, das dezesseis equipes que irão compor as quartas de final da Libertadores e da Sul-Americana, pelo menos sete devem ser brasileiras. Em 2021, foram oito. Um número que pode ser facilmente repetido nesta temporada.

Um cenário que, olhando por nossa perspectiva, é digno de festa. Enfim, o futebol brasileiro conseguiu transformar seu maior potencial financeiro e técnico em resultados na América do Sul. Porém, em um cenário mais amplo, chega a ser entediante notar que a Libertadores e a Copa Sul-Americana se tornaram novas versões da Copa do Brasil, com uma ou outra equipe latina de penetra.

Os clubes brasileiros devem trabalhar para manter essa força, mas a Conmebol precisa, urgentemente, encontrar meios para trazer o futebol do continente a este mesmo nível competitivo. O futebol argentino ainda nos incomoda dentro de campo, mas escolas tradicionais como Colômbia e Uruguai já não suscitam preocupação – tampouco os outros países menos renomados no esporte.

Assim como em 2012, tudo indica que os troféus da Libertadores e da Sul-Americana virão para o Brasil. Mas, diferentemente do ano em que Corinthians e São Paulo mandaram no continente, essa dobradinha brasileira não causa mais espanto. Muito pelo contrário. Caminha para se tornar um hábito preocupante e, até o momento, sem solução à vista.

  • William Tales Silva, 24. Jornalista. Repórter de esportes da TV Band Bahia. Autor do livro “[VAR] – A história e os impactos da maior mudança na aplicação das regras do futebol”, o primeiro sobre o árbitro de vídeo no Brasil, pela editora Footbooks/Corner. Já foi apresentador do Jogo Aberto da BandNews FM Salvador e teve oportunidades como apresentador do Jogo Aberto Bahia e comentarista da Série C do Brasileirão na TV Band Bahia.
por William Tales Silva
Últimos posts por por William Tales Silva (exibir todos)