Foto: Lucas Figueiredo / CBF
Bom de Bola, com William Tales SilvaColunistas

Boletim da Copa: promessa de Neymar, França convocada e esperança de Mané

A 10 dias do início da Copa do Mundo a ansiedade já começa a tomar conta de todos os fãs do esporte e, pensando nisso, trarei por aqui um boletim diário com algumas das informações mais importantes sobre o Mundial do Catar – sempre com a minha opinião sobre o assunto também, como não poderia faltar nesta coluna.

Neymar promete cinco gols na Copa

Sem mais delongas, a primeira grande notícia foi a promessa de Neymar, em entrevista à RedeTV, de que faria pelo menos cinco gols na Copa do Mundo. Até o momento, o craque do PSG tem seis tentos com a camisa da seleção em mundiais (quatro no Brasil e dois na Rússia), sendo o oitavo maior artilheiro da história do país no torneio. Se cumprir sua palavra, vai subir, pelo menos, para o quarto lugar, ultrapassando nomes como Jairzinho, Vavá e Careca. 

Porém, é importante ressaltar que essa meta de gols não é das mais simples de se atingir. Neymar seria apenas o oitavo brasileiro a alcançar essa marca em um único mundial e, de quebra, ainda se tornaria o maior artilheiro da história da seleção masculina em jogos oficiais, com, no mínimo, 80 gols. Deixando Pelé para trás, com seus 77 gols. 

Mesmo atuando em uma função mais criativa do que terminal sob o comando de Tite, Neymar tem mantido uma boa média de gols com a seleção em 2022. Nos cinco jogos que disputou, marcou cinco gols, passando em branco uma única vez. 

A declaração (dada em tom de brincadeira, diga-se) reforça a confiança do camisa 10, que está dizendo desde o início da temporada que esse é o seu ano. Em uma live nas suas redes sociais, em julho, Neymar afirmou que “nessa temporada vai entrar tudo. É só chutar. Sabe quando a gente está com um feeling bom? Vou chutar na Copa, é gol. Chutar de esquerda, é gol. Cabecear, é gol”.

Por mais ressalvas que se tenha ao personagem, não dá para negar o talento e o bom momento do atleta Neymar e, mesmo com a seleção menos dependente das jogadas dele, a conquista do hexa ainda passa – e muito – pelos pés do camisa 10. Não é uma missão fácil, mas Neymar tem qualidade de sobra para cumprir a meta, que seria de grande valia em busca da sexta estrela.

França convocada com desfalques e com “um homem a menos”

Atual campeã, a França já está convocada para a Copa do Catar. O técnico Didier Deschamps teve problemas na lista por não poder levar nomes importantes como o meia Pogba, com uma lesão no joelho, e o volante Kanté, com uma lesão na coxa. A dupla foi fundamental na conquista do bicampeonato na Rússia, com o volante sendo titular em todas as partidas e o meia perdendo apenas um dos sete jogos do mundial. Em entrevista ao canal TF1, Deschamps admitiu que “essa não foi a convocação mais fácil” e lamentou as lesões no elenco, que também ceifaram a convocação do goleiro Maignan, do Milan. Além dos descartados, muitos dos convocados vêm de lesões recentes, ainda com dúvidas sobre seu condicionamento físico, como Varane, Kimpembe, Konaté e até o melhor do mundo Karim Benzema.

Baixas por lesão são inevitáveis em uma Copa do Mundo, mas convocar menos atletas que o permitido é uma escolha – das mais equivocadas. Mesmo sem dois dos seus principais atletas no meio-campo, Deschamps tomou a incompreensível decisão de não levar um 26º jogador. Notável pela sua profundidade de elenco, a seleção francesa conta com várias opções de qualidade em diferentes setores. Ben Yedder, Saint-Maximin, Fekir e Martial são apenas alguns dos nomes esquecidos por Deschamps da convocação, que conta ainda com seis zagueiros de origem, além dos laterais Pavard e Lucas Hernández, que podem ser improvisados por ali.

Mesmo com tantas opções, o técnico francês não conseguiu desenvolver um time a altura do que suas peças podem oferecer nesse ciclo para o Catar, chegando a brigar contra o rebaixamento na última Liga das Nações. Com um grande potencial criativo desperdiçado ao longo do ciclo, deixar de levar mais uma opção para o ataque beira a insanidade em uma lista já atolada de zagueiros. O bicampeonato consecutivo em mundiais não acontece há 60 anos e Deschamps está lutando para manter essa escrita.

Mané ainda tem chance de ir para o Catar

Depois de ter sua presença na Copa descartada pelo jornal francês L’Équipe, Mané ganhou uma fresta de esperança para se agarrar. Após sentir uma lesão na cabeça da fíbula na partida do Bayern de Munique contra o Werder Bremen, Mané foi substituído e teve sua participação no mundial colocada em cheque, até que seu clube seu manifestou, confirmando sua ausência na próxima partida do campeonato alemão, mas ressaltando que “outros exames seguirão nos próximos dias, e o Bayern entrará em contato com o lado médico de Senegal”, sem cravar o corte do craque.

Ao que tudo indica, a chance de Mané disputar o mundial ainda é pequena. É um cenário que remete ao de Salah, em 2018, quando se contundiu na final da Champions League em uma queda com Sérgio Ramos. O atacante do Liverpool também teve seu corte do mundial dado como certo, mas conseguiu participar de dois dos três jogos da sua seleção, marcando duas vezes, mesmo longe do condicionamento físico ideal.

E, assim como Salah para o Egito, Mané é fundamental para Senegal, sendo a principal liderança técnica de uma geração que já está na história do país por ter conquistado o primeiro título da Copa Africana de Nações. Na equipe, Mané atua como ponta-esquerda, mas tem liberdade para se movimentar como um camisa 10, criativo, ou um camisa 9, definidor de jogadas. Na Copa Africana conquistada por Senegal, quase metade (44%) dos ataques do time foram pelo corredor esquerdo, sempre buscando Mané.

Em uma chave equilibrada com Catar, Equador e Holanda, a seleção senegalesa era bem cotada para garantir a segunda vaga às oitavas de final, mas perde muito sem seu craque, eleito o segundo melhor jogador da última temporada pela revista France Football, podendo até ficar pelo caminho ainda na fase de grupos caso a baixa se confirme. Faltam dez dias. Tempo demais para os ansiosos, tempo de menos para os senegaleses.

  • William Tales Silva, Jornalista. Repórter de esportes da TV Band Bahia. Autor do livro “[VAR] – A história e os impactos da maior mudança na aplicação das regras do futebol”, o primeiro sobre o árbitro de vídeo no Brasil, pela editora Footbooks/Corner. Já foi apresentador do Jogo Aberto da BandNews FM Salvador e teve oportunidades como apresentador do Jogo Aberto Bahia e comentarista da Série C do Brasileirão na TV Band Bahia.
por William Tales Silva
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