Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

Um salve para a Bienal do Livro que chega em breve

Na semana passada, tive a alegria de participar da coletiva de lançamento da Bienal do Livro Bahia 2024. O evento acontecerá no fim do mês no Centro de Convenções de Salvador. Esta segunda edição ficará alocada no espaço construído pela prefeitura, depois de longos anos sem abrigo, quando o Centro de Convenções da Bahia, aquele elefante de responsabilidade do governo do Estado, desabou e ainda está inutilizado. Ainda bem que um novo espaço foi retomado, e fiquei feliz em ver que a edição deste ano será maior. Também pudera, o ano passado foi um sufoco. A quantidade de público surpreendeu a todos.

Uma parcela do nosso povo ainda gosta de leitura, apesar das pesquisas nacionais mostrarem um público maciço ainda longe do universo literário. Um grupo valoroso dos baianos, por incrível que pareça, gosta de ler e quer ter acesso aos livros. Essa afirmação empírica vem das lembranças da última Bienal. Os estandes de livros antigos e promocionais viviam cheios. Isso é um sintoma de que comprar livro é algo muito caro no Brasil. E está cada vez mais caro mesmo. Importante lembrar que o livro é isento de imposto. Me recordo de ter escrito um artigo contrário à possível medida de Paulo Guedes, na era de Bolsonaro, de taxar os livros, pois somente os ricos comprariam. Se o pobre já se afasta com o valor atual, imagine ficando mais caro ainda.

Como disse, apesar de apontar um crescimento estrutural para abarcar a demanda, cuja expectativa é alta sobre os visitantes, principalmente com os nomes de artistas e escritores que estão na programação e, vale destacar, toda mesa, toda conversa, todo evento dentro da Bienal tem baianos inseridos, o cenário nacional é entristecedor.

Por exemplo, a prática da leitura não se destaca na rotina de muitos estudantes no Brasil. De acordo com um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), em colaboração com a plataforma de leitura Árvore, constatou-se que apenas 66,3% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos afirmaram ter lido um livro cuja extensão ultrapassasse as 10 páginas. Apenas 9,5% desses estudantes relataram ter lido algum material com mais de 100 páginas em 2018, um índice notavelmente inferior aos de outros países latino-americanos, como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%). Em contraste, na Finlândia, país que apresenta os melhores índices de leitura no estudo, esse número alcança 72,8%.

Segundo os dados da 5ª edição do estudo “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgados em 2019, aproximadamente 52% dos brasileiros possuem o hábito da leitura. Embora esses números possam inicialmente parecer promissores, o país experimentou uma queda de aproximadamente 4,6 milhões de leitores nos últimos anos. Em uma análise comparativa com outros países, os brasileiros leem em média apenas quatro livros por ano, em contraste com os 12 livros lidos em média pelos canadenses, sugerindo um índice de leitura consideravelmente abaixo da média internacional.

De acordo com o estudo “Panorama do Consumo de Livros”, conduzido pela Nielsen BookData e encomendado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), em 2022, aproximadamente 84% da população brasileira com mais de 18 anos não adquiriu nenhum livro. A pesquisa revela que 60% desses indivíduos reconhecem a importância da leitura; no entanto sentem-se desmotivados a comprar livros. Os principais obstáculos mencionados incluem o preço elevado, a falta de locais de venda e a escassez de tempo.

Mas são eventos como a Bienal que precisam do nosso estímulo e podem ser uma luz no fim do túnel. A Arena Infanti,l onde muitos alunos ou crianças terão contato pela primeira vez com um livro; a Arena Jovem para o amadurecimento dos leitores; ou o Café Literário para debates mais densos para aqueles que já são amantes da leitura; todos espaços que estarão disponíveis no futuro evento entre 26 de abril e 1º maio são locais para serem celebrados. Repito o título desse artigo no seu final: um salve para a Bienal do Livro que chega em breve. Sucesso!

por Victor Pinto