Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

Axé, Bruno Monteiro!

Vai ser difícil qualquer outro secretário de Jerônimo Rodrigues (PT) superar a apoteótica transição de cargo da secretaria da Cultura, realizada na última semana na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. Bruno Monteiro, jornalista e produtor cultural, recebeu das mãos de Arany Santana a condução de um setor importante para o estado da Bahia entrelaçado com o turismo, a educação e a economia.

Foi arriscado para Jerônimo Rodrigues, com todo discurso de representatividade, substituir uma mulher negra por um homem branco, jovem, e natural do Sul do País em uma pasta forte e ao mesmo tempo polêmica que, convenhamos, reúne pequenos feudos instalados há tempos, cuja sacudida se faz necessária, principalmente após os oito anos de Rui Costa (PT). Do que pude sentir, a cultura será prioridade e, como o próprio governador disse, ela está no orçamento.

Muitos ainda desconhecem Bruno Monteiro. Ele e o governador foram bombardeados de críticas desde o anúncio pelos motivos já elencados. Mas com o passar dos dias, pelo que pude apurar e sentir também no evento do TCA, essa resistência foi diminuindo. Eu mesmo esperava qualquer tipo de protesto no ato. Não vi nenhum.

Antes do anúncio, Monteiro dormiu secretário de Comunicação e acordou secretário de Cultura. Ele consegue transitar muito bem nas duas áreas, tanto que coordenou a comunicação do mandato do senador Jaques Wagner (PT) e a campanha de Jerônimo. Possui na bagagem o trabalho com diversos artistas e produções cinematográficas nacionais.

O evento de transição foi uma mescla de política e cultura: deputados estaduais e federais, vereadores, prefeitos do interior do Estado somados aos cantores, diretores, ex-secretários da pasta, atores, bailarinos. Destaque para Caetano Veloso na primeira fileira do teatro e também a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que deixou claro o alinhamento União/Estado.

Foi um evento muito bonito com o Balé Folclórico da Bahia, os Afoxés Filho de Gandhi, uma apresentação belíssima do Cortejo Afro e de Sulivan Bispo como Koanza e também a parte clássica que nos remeteu a Osba. Mas senti falta do interior do Estado. Por ter sido no dia de Reis, faltou um reisado do recôncavo ou do sertão, por exemplo.

Por muito tempo, desde os meus tempos de peças teatrais e organização de alguns poucos eventos culturais em Conceição do Coité, ouvi muito a história de antes da era Jaques Wagner o setor cultural ter vivenciado uma centralização na capital. Além da resistência de alguns setores, creio que o principal desafio dessa nova gestão será escoar com mais força pelo interior os recursos, os trabalhos e colocar um holofote maior nas ações empreendidas.

Não será uma tarefa fácil para ele e também para Piti Canella, nova gestora da Funceb, rosto conhecido do cenário cultural. De todo modo, sucesso na missão, Bruno e equipe! E, como de praxe, estamos de olho. Axé!

  • Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba; especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da UCSAL. Atualmente é comentarista de política e apresentador na Band Bahia e BandNews FM. Também é colunista do Band Notícias BA e do jornal Tribuna da Bahia. Twitter/Instagram: @victordojornal
por Victor Pinto