Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

Um adeus à campanha odienta

“Acaba, pelo amor de Deus, acaba”. A expressão é de um áudio que ganhou fama nas redes e nos grupos de WhatsApp na voz de um homem que brada em tom de desespero. Como se estivesse nos acréscimos de uma partida de futebol e seu time estivesse sofrendo uma franca goleada, ele recorre ao divino para o encerramento do jogo.

É o mesmo sentimento de boa parte dos meus amigos, inclusive jornalistas, sobre a campanha eleitoral deste segundo turno na Bahia, na disputa da sucessão pelo Palácio de Ondina, e no Brasil, na corrida do Palácio do Planalto.

Entramos na última semana de uma das campanhas mais sanguinárias que pude vivenciar desde que me entendo por gente nesses módicos 30 anos de vida. Conversando certa vez com Paulo Bina, uma referência do jornalismo político e hoje chefe da comunicação da Assembleia Legislativa da Bahia, ele comungava do mesmo sentimento: uma eleição odienta, baixa e chata.

Professor Samuel Barros, de Ciência Política da Ufba, em conversa nos bastidores do Boa Tarde Bahia, na Band, acredita que o tempo curto da campanha também fez com que os atores envolvidos nesse processo fossem mais incisivos na busca do voto. Com um detalhe: mais pela desconstrução da imagem do adversário do que pela construção de propostas.

Vamos às urnas no próximo domingo com um cenário de Bahia com o cheiro de poder exalado por Jerônimo Rodrigues (PT), muito por sua liderança adquirida com o resultado do primeiro turno, e com a campanha de ACM Neto (UB) buscando uma virada muito difícil, mas não impossível. E sem debate direto entre os principais oponentes, diga-se de passagem.

Neto busca se firmar na regionalização das lideranças da sua campanha em trabalhos pontuais, no voto evangélico e na migração do eleitor de João Roma (PL), já Jerônimo se agarra ao lulismo, sua mais importante mola propulsora, e também na articulação de minar lideranças que antes caminhavam com Neto para se manter na dianteira.

Em nível nacional estamos diante do acirramento entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), cuja diferença de um para o outro vem se reduzindo conforme as pesquisas, e, apesar da liderança do petista, não há garantia para respirar aliviado. Qualquer um dos dois, de fato, pode levar esse segundo turno.

O que será o dia 31? A segunda-feira pós eleição? Didi e João Sérgio nos fizeram cantarolar, muito embalado na voz de Simone, o seguinte: “o que será o amanhã? Responda quem puder…”

Termino com uma uma citação do professor Wilson Gomes que, para mim, sintetiza bem esse momento. Ele nos escreve o seguinte no seu Twitter: “Metade do país perderá a eleição daqui a uns dias. Metade do país já está chocada com a existência da outra parte e com a constatação de que ela é tão grande. Todo o país tem repulsa da outra metade. As 2 metades estão com os nervos à flor da pele. Será difícil refazer este país”.

  • Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba; especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da UCSAL. Atualmente é comentarista de política e apresentador na Band Bahia e BandNews FM. Também é colunista do Band Notícias BA e do jornal Tribuna da Bahia. Twitter/Instagram: @victordojornal
por Victor Pinto