Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

Os números das prefeituras no impacto de 2026

Apesar de cada eleição ter suas peculiaridades e contextos, ela sempre serve como alicerce para as próximas. Não é um cenário definitivo, taxativo ou linear, mas sim uma indicação dos caminhos futuros, incluindo ajustes a serem feitos nos próximos dois anos. Por exemplo, em 2024, tanto para o grupo netista quanto para o grupo petista, vencer em cidades estratégicas de médio e grande porte é crucial para determinar as estratégias daqui para frente.

Isso também se aplica aos partidos políticos. Mal termina o pleito deste ano e já se pensa nas conjunturas que podem favorecer siglas ou candidatos em futuras eleições majoritárias. As nuances são diversas e o clima atual é de especulação, semelhante às previsões de Madame Beatriz. No entanto, até o momento, nada pode ser descartado, pois a política sempre reserva surpresas. Ter um grande número de prefeituras favoráveis é importante para um determinado grupo, mas não garante a vitória em uma disputa pelo governo, como exemplificado pelos casos de Waldir Pires e, principalmente, Jaques Wagner, que ganharam o governo do Estado sem esse respaldo.

Ajuda, no entanto, a construir espaços futuros. Por exemplo, é praticamente certo que Angelo Coronel, senador pelo PSD, será substituído por Rui Costa (PT) na chapa para o governo do Estado. Coronel seria retirado para dar lugar a Jaques Wagner (PT), enquanto o maior partido aliado da base petista poderia ocupar a vice na eventual tentativa de Jerônimo (PT). Rui poderia migrar para o Avante, que internamente recebeu bênçãos para contra-atacar a base do PP, seu antigo aliado. Carletto tem essa missão. Contudo, o PSD ou Coronel aceitarão essa mudança de bom grado? Ou o partido terá força para manter seus espaços atuais? Tudo dependerá do resultado das eleições deste ano.

No campo netista, o dilema é o mesmo, mas em um formato diferente. Prefeituras como Salvador, Camaçari, Feira de Santana e Vitória da Conquista são cruciais para as estratégias regionais. Perder o controle desses Executivos terá impacto no projeto e na pré-campanha, ao contrário do núcleo petista, que conta com a grande máquina chamada governo do Estado para consolidar sua presença em diversas frentes, principalmente sob os holofotes.

Nesse contexto, os cálculos feitos por aqueles que buscam a reeleição como deputados também são relevantes. As bases do legislativo estão nos municípios. Quem aspira a ser deputado federal, por exemplo, já inicia a pré-campanha um dia após o pleito municipal, calculando quantas prefeituras estão alinhadas com seu grupo político. Este cenário é ainda mais crucial para os parlamentares, com um cálculo complexo, mas com um resultado quase certo: quanto mais prefeituras conquistadas, maior a tendência de voto nos dois anos seguintes.

Assim, muitos cenários estão em jogo. O PP conseguirá resistir ou será ainda mais enfraquecido pelos ataques incisivos do Avante? O PT, partido do governador, terá um desempenho melhor do que na desastrosa eleição de 2020? O PSD aumentará sua força e se tornará ainda mais influente? Qual dos partidos menores sobreviverá? Todas essas perguntas serão respondidas em 195 dias. Aqueles que estiverem vivos vão ver.

por Victor Pinto