Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

O carro à frente dos bois na eleição da ALBA

De nada tem adiantado os pedidos feitos pelo governador Rui Costa (PT), cuja caneta ficará sem tinta dentro de pouco mais de 80 dias, e pelo senador Jaques Wagner (PT), o líder político do grupo petista, para aliados segurarem as discussões sobre cargos. Apesar de um segundo turno pela frente, governistas já começam a traçar cenários de secretariado, vagas para o Tribunal de Contas e, principalmente, para a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia. Certo faz Jerônimo Rodrigues (PT): não dá um aceno, ainda, sobre qualquer uma das medidas, pois antes precisaria vencer para poder apitar.

A rotação das articulações da ALBA está em alta desde a segunda-feira (3) que sucedeu o primeiro turno na Bahia. O favoritismo alçado para Jerônimo na disputa pelo governo do Estado, em detrimento a ACM Neto (UB), fez aliados e partidos se arvorarem. O tamanho do PSD no pleito também fez toda a diferença para o início do processo.

Após ter sido a deputada mais votada da Bahia, Ivana Bastos (PSD) se lançou na disputa. Ao ver o tabuleiro se movimentando, o atual presidente, Adolfo Menezes (PSD), foi para cima com artilharia de aliados da sua última eleição interna. O deputado Diego Coronel (PSD) e o senador Angelo Coronel (PSD) são seus principais cabos eleitorais. No meio do caminho também surgiu o nome do ex-UPB, Eures Ribeiro (PSD). Ou seja: o partido de Otto está consolidado no páreo e vai precisar, pelo visto, só aparar as arestas internas.

Ao que se sabe a discussão corre, até então, à revelia dos olhos de Jerônimo, focado na campanha do segundo turno ao governo. E, pelo visto, o PSD vai tratorar qualquer possibilidade de interferência, deixando a cargo do segundo biênio para uma eventual articulação petista, partindo de um cenário hipotético da eleição no próximo dia 30 concretizar vitória do PT.

Vale ressaltar: caso seja outro o cenário, hoje remoto e não 100% descartado, de nada adiantará a pré-campanha para fevereiro de 2023, pois novas engrenagens girariam na Casa.

Em uma rápida sondagem com alguns pares, com o atual favoritismo de Jerônimo e o cenário do ninho pessedista ser o mais forte entre os partidos aliados, Adolfo sai na frente. No alto clero do Palácio de Ondina sua lealdade sempre foi vista com bons olhos. E, de fato, não se criou dor de cabeça para nada neste segundo biênio da atual legislatura, o que fez Rui Costa (PT) respirar aliviado, diga-se de passagem.

Apesar do núcleo do “sindicato dos deputados” fazer diversas ponderações sobre a gestão Adolfo em suas colocações internas – corte do pagamento das férias, redução de alguns benefícios e tantos outros – muitos do grupo se manifestam, mesmo que timidamente, pelo filho de Campo Formoso, na premissa da vitória petista para Ondina.

Certa vez escrevi que contavam com o “ovo no fiofó da galinha”. Foi um artigo de agosto de 2021. Lá já se tinha essa discussão sobre a cobiça da cadeira do terceiro na linha de sucessão do Executivo baiano, pois queriam condicionar a vaga de presidente da ALBA na formação da chapa majoritária, algo que não ocorreu. E a mobilização de agora só reforça ainda mais esta tese de uma antecipação exacerbada, pois nem tudo que é tido como certeiro se concretiza. Às vezes sim, às vezes não. E energias podem ser gastas com desgastes desnecessários provocados em meio a uma campanha que só finaliza no último domingo de outubro.

  • Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba; especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da UCSAL. Atualmente é comentarista de política e apresentador na Band Bahia e BandNews FM. Também é colunista do Band Notícias BA e do jornal Tribuna da Bahia. Twitter/Instagram: @victordojornal
por Victor Pinto