Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

E o PSD vai ficar com tudo?

Essa é uma pergunta que tenho ouvido muito dos aliados da base do novo governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT). Passou a ganhar força e a ser alicerçada com a queda de braço da disputa pelo comando da União dos Prefeitos da Bahia (UPB). Explico: o partido do senador Otto Alencar (PSD) saiu grande, imenso, destas eleições, algo já analisado aqui nessa coluna.

Pelo andar da carruagem, por exemplo, está sacramentada a recondução de Adolfo Menezes (PSD) para presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, apesar de Ivana Bastos (PSD) insistir na tese de sua vontade para o posto.

Apesar de Otto afirmar não ter tratado ainda com Jerônimo sobre quadros para o primeiro e segundo escalão, é justo, diante de uma equalização real de forças, espaços vistosos à sigla aliada. O rompimento do PP só fez bem para o PSD. O MDB, apesar da vice, não possui a mesma capilaridade que um dia os pepistas tiveram e muito menos os outros partidos do campo da esquerda.

A AL-BA geralmente entra no bolo da divisão, mas de maneira velada. O Executivo não se intromete diretamente e até certo ponto deixa fluir o movimento da bancada da maioria, enquanto satisfaz a acomodação de aliados.

A UPB é outra fatia. Certa vez ouvi de um político experiente que a entidade não tem esse peso todo como alguns imaginam e esse imaginário se deve a cobertura da imprensa especializada. Se não fosse tão expressiva, não se veria tantos prefeitos, em período eleitoral, buscarem se viabilizar e, digo mais, representa uma acomodação bastante simbólica e de grande interlocução.

Hoje é presidida por Zé Cocá (PP), que ficou com a fatia do bolo quando o PP, seu partido, ainda fazia parte do núcleo governista. Depois que as relações políticas com o ainda governador Rui Costa (PT) foram cortadas, Cocá, de Jequié, só buscaria reeleição se seu grupo voltasse ao poder com ACM Neto (UB), o que não aconteceu.

Com esse caminho aberto, nas conversas com mais capilaridade na roda política, se fala que o PSD possui quadros como Quinho, de Belo Campo, o mais forte até então, Moreirinha, de Itapicuru, e Reinalldo Góes, de Iuiu. Rondando e alimentando o dilema que o PSD não pode ficar com tudo, o PT corre por fora e pavimenta o nome de Júlio Pinheiro, de Amargosa.

Acho muito difícil, porém não impossível, um bate chapa externo entre a própria base governista. Caso ocorra, será mais uma questão para ser anotada no caderninho oculto (pois ninguém sabe o que se passa na cabeça dele) para o governador eleito resolver. Todos os nomes se valem que deram apoio a Jerônimo na corrida do Palácio de Ondina.

Até então não percebi nenhum movimento da oposição. Júlio Pinheiro, em entrevista que vai ao ar nesta semana na Band Bahia, afirmou que não haverá mais de um candidato e que a base buscará um consenso. Será um desafio e tanto para isso acontecer.

  • Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba; especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da UCSAL. Atualmente é comentarista de política e apresentador na Band Bahia e BandNews FM. Também é colunista do Band Notícias BA e do jornal Tribuna da Bahia. Twitter/Instagram: @victordojornal