O sequestro de Ivanilson Gomes é um alerta
O recente sequestro de Ivanilson Gomes, presidente do Partido Verde (PV) na Bahia, chocou a opinião pública e, de certo modo, expôs a fragilidade das relações e da segurança delas. O crime ocorreu na última sexta-feira (14), quando homens armados invadiram a sede do partido, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, e levaram Gomes como refém. Durante o período em que esteve sob domínio dos sequestradores.
Felizmente, a rápida atuação das forças policiais resultou na libertação do presidente do PV após quase 36 horas em cativeiro. A mobilização da Secretaria de Segurança Pública da Bahia e da Polícia Civil foi essencial para garantir o retorno seguro de Ivanilson. No entanto, a situação traz questionamentos sobre a eficácia das investigações policiais e a capacidade do Estado em oferecer essa mesma resposta em casos que envolvem cidadãos comuns.
O episódio ganhou um novo contorno com a prisão de Gabriel Luís, secretário estadual da Juventude do PV, que confessou participação no crime. Segundo o próprio Gabriel, ele teria sido coagido por traficantes do Nordeste de Amaralina a colaborar com o sequestro. A revelação de que um membro do partido estava envolvido no crime aumenta a gravidade da situação e levanta dúvidas sobre o nível de infiltração do crime organizado em espaços políticos e o nível das relações estabelecidas. As vezes você não tem noção de quem é seu colega ao lado.
A atuação da polícia na elucidação do caso foi ágil e eficiente. No entanto, é impossível não questionar se essa mesma eficiência seria aplicada a um crime que não envolvesse uma figura política de destaque. Quantas famílias esperam meses ou até anos por respostas sobre entes desaparecidos? Quantos crimes permanecem impunes pela falta de investigação célere? Dados recentes apontam que o Brasil tem uma média de mais de 200 desaparecimentos por dia, mas a taxa de resolução desses casos ainda é baixa.
É fundamental que a mesma atenção dada a figuras públicas também seja garantida ao cidadão comum. A atuação rápida no caso de Ivanilson Gomes demonstrou que, quando há mobilização e interesse, a resposta pode ser eficiente.
Outro ponto que merece reflexão é a necessidade de maior controle e fiscalização dentro dos partidos políticos. O envolvimento de um dirigente partidário em um crime tão grave demonstra a fragilidade dos mecanismos de controle dentro das organizações políticas. A presença do crime organizado na política não pode ser normalizada e exige respostas para evitar novas infiltrações.
O sequestro de Ivanilson Gomes serviu como um alerta. A resposta das autoridades foi positiva, mas não podemos nos contentar com a eficiência seletiva. O desafio agora é garantir que essa capacidade investigativa seja um padrão, e não uma exceção.
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