Foto: Band Bahia
ColunistasEsse é o Ponto, com Victor Pinto

Carlos Muniz e o retorno do protagonismo do PSDB em Salvador

A reeleição de Carlos Muniz (PSDB) à presidência da Câmara de Salvador marca um momento importante para o legislativo soteropolitano e para o PSDB, que volta a ocupar um espaço de protagonismo político na cidade. A última vez cujo partido esteve à frente da Casa, antes da era Muniz, foi na gestão de Paulo Câmara (PSDB). Muniz, com seu estilo discreto, pelo analisado, promete consolidar a força tucana no cenário local, um partido que tenta se manter vivo no cenário local, mas que já possui novas pilastras no tabuleiro baiano. 

Um dos trunfos de Muniz é sua capacidade de articulação interna, demonstrada pela coordenação da ocupação de cargos da mesa, primeiro no seu próprio partido ao sustentar o nome de Cris Correia (PSDB) e depois no Republicanos quando defendeu abertamente Ireuda Silva (Republicanos), mas sua vontade não foi acatada. 

Outro ponto a ser apreciado, diferentemente de outros presidentes que usaram o cargo como trampolim político, Muniz parece decidido a manter os pés no chão e priorizar uma gestão com foco no legislativo municipal.

O presidente é conhecido por ser um homem cumpridor de palavras, algo que reforça sua imagem de confiabilidade. No entanto, sua decepção com o resultado de 39 votos, quando esperava 41, deixou claro que ele não ignora eventuais traições políticas. O recado foi dado diretamente no púlpito: “Eu serei recíproco”. Essa postura firme deixa claro que cobrará faturas e está atento às alianças e compromissos na exigência da lealdade.

Com uma postura discreta e defensora da Câmara, Muniz conquistou a simpatia de uma maioria experiente no plenário, que valoriza a estabilidade e a ausência de alardes. Para o prefeito Bruno Reis (UB), o presidente da CMS não deve ser uma dor de cabeça, mas também, pelo conversado com algumas fontes dos corredores do Paço Municipal, não será um presidente submisso. Ele já demonstrou que tem vida própria, sustentada por quem lhe dá lastro político. Essa independência, porém, não deverá se transformar em confronto, mas sim em um equilíbrio que favoreça a governabilidade.

O grande diferencial da nova gestão será a “cara própria” de Muniz. Durante os últimos dois anos, ele administrou sob a sombra de Geraldo Júnior (MDB), mantendo os indicados do emedebista, que renunciou para ser vice-governador. Agora, com a fatura política paga, o vereador tem a oportunidade de imprimir seu estilo de gestão, mais técnica e menos influenciada por acordos do passado.

O panorama para os próximos dois anos é de estabilidade política na Câmara. Com Muniz no comando, o Legislativo promete ser um espaço de diálogo, sem grandes confrontos, mas também sem fanfarrice e o PSDB, pelo menos é o que parece, se fortalece com esse protagonismo.

Agora os acenos são outros, principalmente de ocupação de espaços na prefeitura, justamente a busca, como o próprio presidente eleito da CMS disse, da reciprocidade pela lealdade. A conferir.

por Victor Pinto